sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Comunicaçao custa caro!

Amanha deve sair o resultado.
Eu estou de alguma maneira, esperando o resultado do processo seletivo de um estágio no Projeto de Peixes Ornamentais do IDSM - Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (que trabalha também na reserva Amana).
escrevi uma carta, refiz meu currículo. Sexta-feira me avisam que fui selecionada na primeira fase, e tenho que fazer uma entrevista por telefone.

Mundo globalizado, eu em La Plata-Argentina, eles em Tefé-AM-Brasil.
Enviei um e-mail sugerindo que ou eles me ligassem no meu celular argentino, ou que eu ligasse para eles de um kiosco ou que fizessemos a entrevista pelo Skype.

O Skype, para quem nao conhece, é um programa que opera ligaçoes para qualquer lugar do mundo, relativamente barato, e gratuito para falar de skype para skype. Mas para isso, é preciso um computador, um bom microfone e uma boa conexao de Internet.
O computador na verdade já nao é mais indispensável, há algum tempo eles tem comercializado aparelhos com distintas funçóes e capacidades.
Há também a possibilidade de comprar um número de telefone fixo de qualquer lugar do mundo. Esse serviço chama-se SkypeOut. Exemplo: posso ter um número fixo de Campinas ou SJCampos estando vivendo em qualquer lugar do mundo. Meus amigos e familiares podem me ligar neste número pagando uma ligaçao local ou interurbana, mas nao internacional.
Foi com esse programa que falei a maior parte das vezes com meus pais e amigos. Outra possibilidade genial é fazer chamadas em conferencia. Assim coloca-se na mesma conversa, 3 ou mais pessoas que estao em diferentes lugares. É uma ferramenta e tanto.

Mas nao foi o skype que eles escolheram, sequer optaram por me ligar no celular.

Aqui na Argentina todo quarteirao tem um kiosco. Kiosco é onde compra-se cerveja, refrigerante, cigarro, cartao de créditos para celular e todo tipo de alimento industrializado que te liberam hormonios e neurotransmissores do prazer, mas fazem mal a saúde. Eles estao espalhados por todos os lados. O comércio de bairro ainda domina a economia, pelo menos aqui em La Plata (e uma análise dos porques e dos resultados disso, nao farei aqui).
Um terço destes kioscos tem também computadores com acesso a internet e cabines telefonicas (cabinas). É de uma dessas que liguei para a entrevista, e paguei $1,29 o minuto. E entre a entrevista, saudades da minha mae, e atualizacoes com meu melhor amigo, deixei $72 no kiosco.

Também tinha algumas cartas que precisava enviar fazia um tempo. Depois de consultar os serviços da DHL e OCA por e-mail e receber respostas sem a informaçao que queria e sim um número de telefone que eu já tinha visto no site para ligar e perguntar, terminei indo ao Correo Argentino.
A inflaçao atingiu também este setor. Para enviar uma carta simples pro Brasil, custa $4,00 (R$2,35). O mesmo serviço na contra-mao, uma carta simples do Brasil para a Argentina pelo Correios Brasileiro custa R$0,75 ou R$1,55 para envio em no máximo uma semana. Mais $18,0 deixados no Correo.

Em menos de 1 hora, gastei $90 em comunicacao. Tive que pensar na velha e boa frase: "tá no inferno, abraça o capeta".

É por essas e outras que falar, escrever no papel, ver a letra da pessoa, a mancha de vinho ou mate, isso está se perdendo.
A Internet, além de rápida, é barata.

Mas nem todos tem acesso a ela. Os mais velhos, pelo medo no processo de alfabetizaçao. E os mais pobres, porque existe a nuvem da exclusao pairando sobre nossa sociedade em distintos ambitos.

No final, ser classse média e nao ter Internet hoje é uma gafe pior que ser classe média e nao ter um carro.

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